terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Impressões de Turistas portugueses que visitaram nosso Templo Sagrado em Amritsar.


Antes de regressar a Nova Deli e fazer a contagem decrescente para o regresso a casa, visitámos um dos lugares mais bonitos que conheci até hoje. O Templo Dourado de Amritsar. Amritsar situa-se no norte da Índia no estado de Panjabi, a cerca de trinta quilómetros da (única) fronteira com o Paquistão. Antes da chegada a Amritsar, muito pouco ou quase nada sabia acerca dos homens com turbante e barba grande. Por isso fui agradavelmente surpreendido com uma óptima hospitalidade. Depois de encontrar um recanto de quatro paredes com um colchão no meio para passar parte da noite, saímos do hotel, estava já escuro, mas a primeira impressão tinha sido positiva e decidimos ir imediatamente visitar o famoso Templo Dourado. O complexo do Templo não fecha e achámos que poderia ser bom visitar durante a noite. Já passava das dez quando reparámos que não só o complexo não fecha como também tem uma incrível actividade durante todas as 24 horas do dia, incluindo um mega refeitório que serve gratuitamente refeições a todos os interessados. Era fim-de-semana, existiam enormes filas de pessoas sentadas no chão de cabeça para baixo a petiscar o que vinha nos pratos de metal. O barulho do metal a bater quando atirado depois de usado ou lavado era ensurdecedor, as pilhas de pratos sujos eram lavados por voluntários, assim como todo o trabalho em volta daquela mega cozinha era feito por voluntários Sikhs. É um dos princípios da religião, não parar de servir quem de alguma forma necessita. De repente vimo-nos no meio de uma admirável moldura humana de homens com barbas grandes, turbantes na cabeça e facas à cintura. Três símbolos visíveis que caracterizam os Sikhs. Não passou muito tempo até termos alguém com esse aspecto a fazer-nos perguntas e a ser simpático. Primeiro pensámos que seria apenas mais uma conversa de blá blá blá e já está, mas começou a ser mais que isso, o Dav Singh parecia querer fazer a parte dele em servir quem de alguma forma necessita e não nos deixou ir embora sem nos dar uma valente lição sobre o que é o Sikhismo. Agradecemos e acabámos mesmo por nos encontrar mais vezes durante a nossa estadia em Amritsar. O Dav também nos mostrou outros lugares bonitos em Amritsar, levou-nos a beber chá, a jantar e ajudou-me a arranjar o meu próprio turbante. O Templo Dourado deixáva-nos completamente sem palavras, o nosso hotel ficava muito perto e por isso passámos lá muito tempo de boca aberta a olhar para toda aquela imagem indescritível que tínhamos à nossa volta. Havia uma coisa naquele lugar que era diferente das outras coisas na Índia, a multidão estava lá como sempre, mas não estava a confusão, o barulho e aquela imagem vertiginosa que muito nos acompanhou durante as nossas viagens na Índia. Foi o primeiro lugar, e talvez o único, onde a calma existia no meio de tamanho mar de pessoas. O Sikhismo é apenas a quinta maior religião existente na Índia e os seus seguidores estão essencialmente situados no estado de Panjabi. O Templo Dourado é o lugar de peregrinação que não pode faltar a qualquer Sikh. Em 1984 algumas divergências entre líderes Sikhs e o governo indiano fizeram com que as tropas indianas, ordenadas pela primeira-ministra Indira Gandhi, invadissem e destruíssem parte do Templo Dourado, com a justificação de que por detrás das suas paredes se escondiam planos contra o governo de Indira. Este facto levou à revolta dos Sikhs que jamais poderiam ter ficado indiferentes à agressão de que foi alvo o mais representativo espaço da sua religião. Pouco depois, um atentado levado a cabo por dois Sikhs, curiosamente guarda-costas da primeira-ministra, matou Indira e deu início a diversos actos de violência onde morreram cerca de dois milhares de Sikhs inocentes. Hoje, o primeiro-ministro da Índia, a maior democracia do Mundo, é Sikh.

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